sexta-feira, 17 de maio de 2013

FICHAMENTO* DO ARTIGO: Política de Educação a Distância: a Flexibilização Estratégica, de Raquel Goulart Barreto


Tipo: ARTIGO
Assunto / tema: EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
Referência Bibliográfica: LOPES, A. C., MACEDO, E. Políticas de currículo em múltiplos contextos. São Paulo: Cortez, 2006.


Resumo / conteúdo de interesse:
O artigo de Raquel Goulart Barreto, busca discutir como a Educação a Distância - EaD - tem sido pensada. E considera ainda como as Tecnologias de Informação e Comunicação - TICs - tem sido incorporadas ao ensino.
A autora aborda duas questões: a EaD como modalidade de ensino enfatizando sua dimensão operacional, e EaD em seu aspecto político - ideológico.
Em relação à dimensão operacional, as TICs correspondem basicamente à transposição dos conteúdos para os meios digitais, utilização da internet para interação entre alunos e professores, com ênfase aos meios operacionais da realização da EaD.
Já a dimensão político - ideológica da EaD, problematiza as relações existentes entre as TICs e os modos que estas são utilizadas na educação. Destaca que estas são produzidas em áreas não - educacionais e para outros fins é readaptadas para a área educacional. Nos países centrais este tipo de tecnologia representa o aperfeiçoamento do ensino, mas a EaD é uma estratégia alternativa cara nos países periféricos, apesar de ser uma forma de reduzir os custos do ensino. No Brasil, a EaD é utilizada como estratégia para formação de professores.
É no contexto brasileiro que a autora procura a partir da análise do discurso dos documentos oficiais relativos ao tema, identificar como a EaD é referida em tais documentos e qual o sentido que lhe é atribuída. Em todos os documentos, a EaD é justificada pela possibilidade de flexibilização em diferentes sentidos em que pode-se destacar a flexibilização curricular (baseada em competências), a flexibilização de associação entre instituições públicas e privadas, e a flexibilização das fontes de financiamento. A flexibilização nos moldes citados é uma forma estratégica, ou seja, possui uma intencionalidade: a homogeneização dos currículos e a consequente transformação da educação em uma mercadoria (serviço educacional).
Um dos documentos analisados é o do Grupo de Trabalho Interministerial – GTI onde o foco é a utilização da EaD para o aumento de número de vagas nas universidades. Neste contexto, a EaD é responsável pela multiplicação de tais vagas e lamenta a existência de posturas críticas existentes em relação à sua estratégia, pois outros documentos ignoram o fato de que ela têm sido utilizada para atualização de professores, treinamento de trabalhadores em serviço, e consequente certificação e aceleração na formação profissional para atender as demandas do mercado. O GTI nega também questão da tentativa de substituição do professor pela tecnologia, atribuindo a ele a possibilidade de planejamento e produção de conteúdo, porém, ressalta a necessidade de capacitação dos professores na utilização dos recursos tecnológicos.
O papel do professor neste caso é deslocado para a tutoria e avaliação, e isto é reforçado pela necessidade de que os materiais educacionais sejam de ampla utilização, já que as tecnologias são vistas como uma alternativa para reduzir problemas na educação e formação de professores.
Ao final do artigo, a autora discute sobre o discurso da competência, que legitima as propostas educacionais tornado-as inquestionáveis. Como exemplo, temos a inserção da EaD na formação docente e a transformação das tecnologias como o sujeito do processo de aprendizagem.

Citações:

1)     "De um lado, as tecnologias são postas como solução para todos os problemas e, de outro, reduzidas a estratégias de EaD, agora estendidas da formação de professores para a graduação em geral, especialmente nas instituições públicas.” (p. 199)

2)     “Este é um modo de incorporação que desloca os benefícios potencias das TIC do aperfeiçoamento do ensino para a sua substituição, podendo constituir estratégia para “resolver” as contradições entre o discurso da valorização do professor e o esvaziamento do trabalho-formação docente.” (p.199)

3)     “Em síntese, na política da educação à distância, a flexibilização é estratégia para: liberalização de acordos e serviços; a desnacionalização de serviços básicos como a educação (Siqueira, 2004); o fim da fronteira entre o público e o privado; o silenciamento dos campi (Leher, 2004); o esvaziamento da formação como prática social; a redução dos cursos a pacotes instrucionais; a desterritorialização da escola, etc.” (p. 202)


Considerações do pesquisador (alunos):
O artigo levanta questionamentos sobre o uso das TICs e da EaD que geralmente não nos atentamos. Muitas vezes, assumimos o discurso de que a EaD é a solução dos problemas da educação sem pensarmos criticamente que tal proposta está carregada de intencionalidades e que muitas vezes atendem às necessidades de determinados grupos políticos e econômicos. Portanto, o artigo cumpre o seu papel de provocar reflexões sobre a neutralidade da inserção das TICs e da EaD.


Indicação da obra:
Professores e pesquisadores na área da educação, em especial em educação à distância. 

*Fichamento produzido em parceria com a aluna Cynthia Vieira Mendes.

sábado, 11 de maio de 2013

A pipoca - retomando as reflexões










Retomando minhas publicações neste blog e aproveitando a caprichosa e coerente ilustração de nossa colega Glenia a acima, quero registrar minhas reflexões sobre o texto "A pipoca" de Rubens Alves discutido em aulas anteriores.

Conforme as reflexões do texto, existe o milho com tamanho adequado ao comércio de grãos (produção de alimentos, óleo, combustível) e outro tipo de milho que fadado ao descarte, em virtude de seu tamanho, apresentaram, sob uma ação inovadora, uma nova possibilidade consumo: o milho de pipoca. Este milho, aquecido em uma panela com óleo, em sua maioria, estoura, transformando-se em pipoca. Já os milhos que não estouram são chamados de piruás.

Relacionado  com  nossas reflexões nas aulas sobre o currículo, podemos considerar que a panela é a sala de aula e o milho de pipoca são os alunos. Se o professor permanecer aquecendo seus alunos com água, ou seja, agindo de forma a simplesmente reproduzir o currículo formatado por aqueles que querem uniformizar os alunos, de fato, esta universalização será almejada. Deste modo, todos estes alunos jamais se transformaram em um aluno revolucionário, inovador, critico, ou seja, o milho continuará milho e jamais se transformará em pipoca. 

É necessário que o professor reflita sobre o currículo que lhe é apresentado e reformule-o em sua prática educativa considerando a realidade em que seus alunos estão inseridos. Ou seja, o aquecimento deve ser com o algo que provoque mudanças no estado daquele aluno. No caso da pipoca, o correto é usar o óleo. Este óleo utilizado pelo professor é composto de respeito a individualidade e da realidade do aluno, a busca no desenvolvimento da criticidade do aluno, da autonomia,  da responsabilidade do mesmo em ralação a sua educação e a sociedade. Som, com uma prática em sala de aula, pautada pela reflexão e critica sobre ao currículo prescrito, e a elaboração de ações que transformem de fato o aluno é que é possível tornar o aluno uma pipoca.

Mas, bem todos estes alunos responderão a sua ação de transformá-los em Pipoca. Alguns serão piruás. Estes, na minha visão, não irão para o lixo, como Rubem Alves afirmou. Quem não ficou procurando os piruás para morde-los. Eles sairão da panela e encontraram uma utilidade na sociedade e talvez serão felizes naquilo que forem úteis. Por que supervalorizarmos a pipoca e minimizarmos os Piruás?

Um último questionamento. Vimos que existem os milhos graúdos (mais valorizados) e o milho de Pipoca. Falamos sobre o milho de Pipoca. É possível, dentro deste contexto de currículo e da educação, estabelecermos quem, ou que, representaria o milho graúdo destinado a um mercado mais valorizado?