A Educação
Escolar no Contexto das transformações da sociedade contemporânea
Alguns
autores afirmam que a revolução tecnológica é a responsável pelo
desencadeamento das transformações econômicas, políticas, sociais e
educacionais, porém, na realidade, tais transformações técnico-científicas são
resultados de ações humanas para atender aos interesses econômicos de controle
das capacidades produtivas da sociedade.
A
revolução científica está fundamentada na criação e desenvolvimento da microeletrônica, da microbiologia e da energia
termonuclear, que foram responsáveis por muitos avanços tecnológicos,
contudo são causas de adversidades. Vejamos alguns exemplos a seguir:
- A energia
termonuclear foi responsável pela conquista espacial e por avanços no campo de produções
de energia, mas por outro lado, a sociedade vive ameaçada pelo risco de uma
guerra nuclear e de suas consequências para o planeta.
- Os avanços na
microbiologia são responsáveis pela produção de plantas e animais melhorados
para o combate à fome, à produção de métodos contraceptivos (controle
populacional), e o combate às doenças congênitas. Porém, falasse sobre o risco
da clonagem, da produção de vírus e da guerra bacteriológica.
- Na revolução da
microeletrônica, existem efeitos positivos para população no que diz respeito
ao conforto doméstico, rapidez, automatização das atividades rotineiras aumentando
assim o tempo para o lazer familiar.
A
tecnologia moderna também é responsável por avanços no setor de produção
agrícola e industrial, assim como, no setor de serviços com a informatização.
Porém, a consequência da modernização na agricultura e na indústria está principalmente
relacionada à redução de postos de trabalhos e no aumento do desemprego devido à
substituição do trabalho humano por máquinas automatizadas. O setor de serviços,
assim como o setor agrícola, cresceu muito com a modernização, e passou a
absorver parte destes desempregados nos serviços terceirizados e nos negócios
formais ou informais.
Dentro
da revolução da microeletrônica, pode-se destacar a ocorrência de outra
revolução denominada de revolução
informacional que foi desencadeada a partir dos avanços nas
telecomunicações, nos meios de comunicações e nas tecnologias de informação. A
revolução informacional possibilitou maior velocidade na produção, atualização
e distribuição de informações assim como estabeleceu novas formas de
entretenimento e de promoção de atividades educacionais. Paralelamente aos seus
benefícios, a revolução informacional estabeleceu um novo instrumento de
dominação da sociedade pelo capitalismo: a informação. O domínio das
informações qualificadas e estratégicas representa o controle econômico,
político e social daqueles que apenas consomem as informações divulgadas pelos
meios de comunicação de massa. A mídia é um instrumento de manipulação das
massas populares que está muito distante da posse das informações necessárias
para questionar e participar das decisões importantes para na sociedade.
Todas
estas mudanças são decorrentes de uma globalização, que vive em processo de aceleração, integração e
reestruturação do capitalismo iniciada desde o final do século XX, e que
compreende em um avanço progressivo no campo técnico-científico de áreas como a
telecomunicação e a informática, em privatização de setores de bens e serviços
pelo Estado, na busca pela competitividade, desregulamentação do comércio entre
países, destruição das fronteiras nacionais para o trânsito de pessoas e
materiais, formação de blocos econômicos entre países e livre transação de
capitais (globalização financeira).
Tal
processo descrito acima, tem como consequências a terceirização, automação e
informatização da produção, aumento do desemprego e do subemprego, recessão,
crise social, diminuição dos salários, desregulamentação e flexibilização dos
mercados de trabalho, minimação das políticas públicas sociais, monopólio dos
processos produtivos e do mercado por grandes corporações e consequente
fomentação de um sistema de exclusão para pessoas, países e regiões, e instabilidade
econômica nos países emergentes em virtude do predomínio do capital
especulativo em relação ao produtivo. Portanto, a globalização proporciona a
mudança no poder político e econômico, em virtude do enfraquecimento dos países
pobres e em desenvolvimento e apoderamento dos países ricos e suas corporações,
que chancelados pelas instâncias superiores de poder (Bird, FMI, OCDE, OMC,
ONU, OMS, OIT, Unesco, Otan), impõe políticas que atendam seus interesses.
O
capitalismo vem assumindo duas posições clássicas: uma concorrencial e outra
estatizante. A concorrencial tem como preocupação central a liberdade econômica
e, portanto, tem como características a livre concorrência, competitividade,
práticas educativas para o desenvolvimento econômico, atendimento às
necessidades do mercado e formação de elites intelectuais. A estatizante tem
como preocupação central a igualdade sócia, que tem como objetivo uma economia
de mercado planejada e controlada pelo Estado, uma política pública de
bem-estar social, e educação para a
promoção de desenvolvimento igualitário das aptidões e capacidades dos
indivíduos.
Dentro
da modernização capitalista liberal existem dois paradigmas que são citados
para melhor ilustrar este contexto. O paradigma da Igualdade traz em seu conceito, que a modernização econômica
capitalista sofreu forte influencia após a Segunda Guerra Mundial, pois esta
iniciou um processo de depositar maior confiança na educação e na expansão do
ensino. Defensores liberalistas sociais acreditavam na universalização do
ensino e na garantia da igualdade de oportunidades. Já o paradigma da Liberdade Econômica, da Eficiência e da Qualidade
trabalha com o âmbito da competitividade do mercado, ou seja, eficiência e qualidade
são condições para a sobrevivência e lucratividade no mercado competitivo.
Após
a Segunda Guerra Mundial, houve no campo da educação uma maior exploração da
universalização do ensino fundamental; e na década de 50 houve a expansão
educacional pública e gratuita, sobretudo no ensino superior, tendo como fim um
projeto de modernização econômica. Todavia, o Estado, estando falido neste
período, tendeu a transferir sua demanda para a iniciativa privada, que
naturalmente, buscava a eficiência e competitividade no ensino. Portanto, não
podemos comparar estas duas instituições de ensino.
Já
a partir da década de 80 a preocupação é com uma “educação de qualidade para
todos”. Os liberistas regidos pela lei do mercado buscam transformações
econômicas na política e na educação. E o Estado, nesta perspectiva neoliberal
de mercado, perde o interesse na implementação de uma escola diferenciada,
liberal e burguesa, já que neste momento o neoliberalismo o acusa como um órgão
de incapacidade administrativa e financeira para gerir a educação, ficando esta
a cargo da iniciativa privada.
A
exploração pelo ensino neste período se dava principalmente pela formação de um
trabalhador fragmentado, rotativo, que executasse tarefas repetitivas, mas após
diversas trocas de papéis em investimentos no ensino este modelo de exploração
requer um novo trabalhador, com habilidade de comunicação, de abstração, de
visão de conjunto, de integração e de flexibilidade para acompanhar o avanço
científico-tecnológico das empresas, o qual se dá por força dos padrões de
competitividade exigidos no mercado global.
A
educação básica tem agora como função primordial, desenvolver as novas
habilidades cognitivas e as competências sociais necessárias à adaptação do
indivíduo a este novo paradigma produtivo, além de formar um consumidor mais
competente, exigente e sofisticado. E conforme
solicitação do Banco Mundial para o ensino básico e superior, as instituições
de ensino devem assegurar um maior acesso aos novos códigos da modernidade
capitalista; pois se faz necessário uma reestruturação educativa capaz de
corresponder aos desafios impostos por esta sociedade exigente e tecnológica.
LIBÂNEO, José
Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. 10. ed. São
Paulo: Cortez, 2003.
Olá Zaquel. Meu amigo coloquei alguns pontos em relação ao texto no blog da Cynthia, pois você em relação a este texto faz parte.
ResponderExcluirNo entanto, como já disse no dela que as colocações são pertinentes e interessantes. Porém, acho que a parte de revolução científica esta um pouco fora do contexto. Fica a dica, já que estamos penando para buscar um melhor entendimento da epistemologia.
Em suma, o texto é sóbrio e revelador. Vocês estão de parabéns.
Abraços.
Zaqueu, fiz algumas considerações no blog da Cynthia, espero que, assim como disse a ela, possamos discutir mais para juntos encontrarmos um direcionamento para que a escola não perca sua identidade nesse mundo globalizado.
ResponderExcluirEntão Zaqueu, e será que a educação fez parte de toda essa evolução no mundo? Ou é a ela a responsável por tudo isso?
ResponderExcluirVou reformular a pergunta de Lourdes: Educação é causa ou efeito desse cenário?
ResponderExcluirEstou gostando de ver essa interação entre vocês...que continue!!!!
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