quinta-feira, 4 de abril de 2013

Síntese do texto "A Educação Escolar no Contexto das transformações da sociedade contemporânea"

Esta síntese foi construída em parceria com a aluna do curso de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências, na Universidade Federal de Itajubá, Cynthia Vieira Mendes.



A Educação Escolar no Contexto das transformações da sociedade contemporânea

Alguns autores afirmam que a revolução tecnológica é a responsável pelo desencadeamento das transformações econômicas, políticas, sociais e educacionais, porém, na realidade, tais transformações técnico-científicas são resultados de ações humanas para atender aos interesses econômicos de controle das capacidades produtivas da sociedade.
A revolução científica está fundamentada na criação e desenvolvimento da microeletrônica, da microbiologia e da energia termonuclear, que foram responsáveis por muitos avanços tecnológicos, contudo são causas de adversidades. Vejamos alguns exemplos a seguir:
- A energia termonuclear foi responsável pela conquista espacial e por avanços no campo de produções de energia, mas por outro lado, a sociedade vive ameaçada pelo risco de uma guerra nuclear e de suas consequências para o planeta.
- Os avanços na microbiologia são responsáveis pela produção de plantas e animais melhorados para o combate à fome, à produção de métodos contraceptivos (controle populacional), e o combate às doenças congênitas. Porém, falasse sobre o risco da clonagem, da produção de vírus e da guerra bacteriológica.
- Na revolução da microeletrônica, existem efeitos positivos para população no que diz respeito ao conforto doméstico, rapidez, automatização das atividades rotineiras aumentando assim o tempo para o lazer familiar.
A tecnologia moderna também é responsável por avanços no setor de produção agrícola e industrial, assim como, no setor de serviços com a informatização. Porém, a consequência da modernização na agricultura e na indústria está principalmente relacionada à redução de postos de trabalhos e no aumento do desemprego devido à substituição do trabalho humano por máquinas automatizadas. O setor de serviços, assim como o setor agrícola, cresceu muito com a modernização, e passou a absorver parte destes desempregados nos serviços terceirizados e nos negócios formais ou informais.
Dentro da revolução da microeletrônica, pode-se destacar a ocorrência de outra revolução denominada de revolução informacional que foi desencadeada a partir dos avanços nas telecomunicações, nos meios de comunicações e nas tecnologias de informação. A revolução informacional possibilitou maior velocidade na produção, atualização e distribuição de informações assim como estabeleceu novas formas de entretenimento e de promoção de atividades educacionais. Paralelamente aos seus benefícios, a revolução informacional estabeleceu um novo instrumento de dominação da sociedade pelo capitalismo: a informação. O domínio das informações qualificadas e estratégicas representa o controle econômico, político e social daqueles que apenas consomem as informações divulgadas pelos meios de comunicação de massa. A mídia é um instrumento de manipulação das massas populares que está muito distante da posse das informações necessárias para questionar e participar das decisões importantes para na sociedade.
Todas estas mudanças são decorrentes de uma globalização, que vive em  processo de aceleração, integração e reestruturação do capitalismo iniciada desde o final do século XX, e que compreende em um avanço progressivo no campo técnico-científico de áreas como a telecomunicação e a informática, em privatização de setores de bens e serviços pelo Estado, na busca pela competitividade, desregulamentação do comércio entre países, destruição das fronteiras nacionais para o trânsito de pessoas e materiais, formação de blocos econômicos entre países e livre transação de capitais (globalização financeira).
Tal processo descrito acima, tem como consequências a terceirização, automação e informatização da produção, aumento do desemprego e do subemprego, recessão, crise social, diminuição dos salários, desregulamentação e flexibilização dos mercados de trabalho, minimação das políticas públicas sociais, monopólio dos processos produtivos e do mercado por grandes corporações e consequente fomentação de um sistema de exclusão para pessoas, países e regiões, e instabilidade econômica nos países emergentes em virtude do predomínio do capital especulativo em relação ao produtivo. Portanto, a globalização proporciona a mudança no poder político e econômico, em virtude do enfraquecimento dos países pobres e em desenvolvimento e apoderamento dos países ricos e suas corporações, que chancelados pelas instâncias superiores de poder (Bird, FMI, OCDE, OMC, ONU, OMS, OIT, Unesco, Otan), impõe políticas que atendam seus interesses.
O capitalismo vem assumindo duas posições clássicas: uma concorrencial e outra estatizante. A concorrencial tem como preocupação central a liberdade econômica e, portanto, tem como características a livre concorrência, competitividade, práticas educativas para o desenvolvimento econômico, atendimento às necessidades do mercado e formação de elites intelectuais. A estatizante tem como preocupação central a igualdade sócia, que tem como objetivo uma economia de mercado planejada e controlada pelo Estado, uma política pública de bem-estar social,  e educação para a promoção de desenvolvimento igualitário das aptidões e capacidades dos indivíduos.
Dentro da modernização capitalista liberal existem dois paradigmas que são citados para melhor ilustrar este contexto. O paradigma da Igualdade traz em seu conceito, que a modernização econômica capitalista sofreu forte influencia após a Segunda Guerra Mundial, pois esta iniciou um processo de depositar maior confiança na educação e na expansão do ensino. Defensores liberalistas sociais acreditavam na universalização do ensino e na garantia da igualdade de oportunidades. Já o paradigma da Liberdade Econômica, da Eficiência e da Qualidade trabalha com o âmbito da competitividade do mercado, ou seja, eficiência e qualidade são condições para a sobrevivência e lucratividade no mercado competitivo. 
Após a Segunda Guerra Mundial, houve no campo da educação uma maior exploração da universalização do ensino fundamental; e na década de 50 houve a expansão educacional pública e gratuita, sobretudo no ensino superior, tendo como fim um projeto de modernização econômica. Todavia, o Estado, estando falido neste período, tendeu a transferir sua demanda para a iniciativa privada, que naturalmente, buscava a eficiência e competitividade no ensino. Portanto, não podemos comparar estas duas instituições de ensino.
Já a partir da década de 80 a preocupação é com uma “educação de qualidade para todos”. Os liberistas regidos pela lei do mercado buscam transformações econômicas na política e na educação. E o Estado, nesta perspectiva neoliberal de mercado, perde o interesse na implementação de uma escola diferenciada, liberal e burguesa, já que neste momento o neoliberalismo o acusa como um órgão de incapacidade administrativa e financeira para gerir a educação, ficando esta a cargo da iniciativa privada.
A exploração pelo ensino neste período se dava principalmente pela formação de um trabalhador fragmentado, rotativo, que executasse tarefas repetitivas, mas após diversas trocas de papéis em investimentos no ensino este modelo de exploração requer um novo trabalhador, com habilidade de comunicação, de abstração, de visão de conjunto, de integração e de flexibilidade para acompanhar o avanço científico-tecnológico das empresas, o qual se dá por força dos padrões de competitividade exigidos no mercado global.
A educação básica tem agora como função primordial, desenvolver as novas habilidades cognitivas e as competências sociais necessárias à adaptação do indivíduo a este novo paradigma produtivo, além de formar um consumidor mais competente, exigente e sofisticado.  E conforme solicitação do Banco Mundial para o ensino básico e superior, as instituições de ensino devem assegurar um maior acesso aos novos códigos da modernidade capitalista; pois se faz necessário uma reestruturação educativa capaz de corresponder aos desafios impostos por esta sociedade exigente e tecnológica.


LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2003.

5 comentários:

  1. Olá Zaquel. Meu amigo coloquei alguns pontos em relação ao texto no blog da Cynthia, pois você em relação a este texto faz parte.

    No entanto, como já disse no dela que as colocações são pertinentes e interessantes. Porém, acho que a parte de revolução científica esta um pouco fora do contexto. Fica a dica, já que estamos penando para buscar um melhor entendimento da epistemologia.
    Em suma, o texto é sóbrio e revelador. Vocês estão de parabéns.
    Abraços.

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  2. Zaqueu, fiz algumas considerações no blog da Cynthia, espero que, assim como disse a ela, possamos discutir mais para juntos encontrarmos um direcionamento para que a escola não perca sua identidade nesse mundo globalizado.

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  3. Então Zaqueu, e será que a educação fez parte de toda essa evolução no mundo? Ou é a ela a responsável por tudo isso?

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  4. Vou reformular a pergunta de Lourdes: Educação é causa ou efeito desse cenário?

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  5. Estou gostando de ver essa interação entre vocês...que continue!!!!

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