Tipo: Livro (capítulo 3)
Assunto /
tema: Currículo
/ Teoria Crítica de Currículo
Referência
bibliográfica: MOREIRA, A. F. & SILVA, T. T. Currículo,
cultura e Sociedade (orgs.). 10a. Ed. São Paulo: Cortez, 2008.
Resumo /
conteúdo de interesse:
Neste capítulo, Apple afirma que o currículo não é neutro e sim um
produto de tensões, conflitos culturais, políticos e econômicos capaz de
organizar e desorganizar um povo.
Fundamentado em Pierre Bourdieu, afirma que as formas culturais atuam
como indicadores de classes e a escola torna-se uma escola de classe sociais.
O autor apresenta algumas questões que
norteiam seu trabalho: a) relações entre capital econômico e capital cultural,
b) o papel da escola como reprodutor de desigualdades de poder; c) como o
currículo e os processo de avaliação agem em relação esta questões anteriores.
Ele ressalta que os Estados Unidos vivem
a época da restauração conservadora baseada no busca em estabelecer um
currículo nacional e uma política de avaliação que atenda as diversidades da
população americana.
Apple, apesar de não se opor a
existência de um currículo nacional, apresenta na segunda parte de seu trabalho
algumas questões graves para provocar reflexões sobre o fato. Primeiramente, afirma que o discurso que fundamenta
a implantação de um currículo nacional está baseada possibilidade do mesmo em
elevar o nível das escolas. Tal proposta curricular já permeia as escolas
americanas com a doção de livros didáticos do Estado e produzidos pelo mercado
editorial americano.
Segundo Apple, a discussão sobre o
currículo nacional é encaminhada tanto pelos grupos de direita como pelos
liberais. Estes últimos, justificam que o currículo Nacional representará um conteúdo
mais rigoroso nas escolas, aprendizado cooperativo, necessidade de programas de
formação de professores e não implicará em redução de custos na educação.
Na terceira parte, o autor discute a
existência de uma nova aliança política e suas influencias nas políticas
educacionais e sociais. É a aliança entre o Neoconservadorismo e o Neoliberalismos
cujos objetivos educacionais são os mesmos que orientam as suas metas para a
economia e o bem-estar social, taic como o livre mercado, redução da
responsabilidade do estado em relação as necessidade sociais, a competitividade
na mobilidade social.
Das contradições existente entre
Neoconservadorismo (que defende um estado fraco - livre mercado) e o
Neoliberalismo (defende um estado forte em algumas situações - controle dos
valores, da educação), surgem quatro tendências que fundamentam a restauração
conservadora: privatização, centralização, vocacionalização e diferenciação.
Um solução para as contradições
apontadas é proposta por Roger Dale, que a chamou de modernização Conservadora,
em que consiste em liberdade econômica e controle social.
Na quarta parte do capítulo, o autor
discute sobre currículo, avaliação e cultura comum. Inicialmente ele destaca a
capacidade da coalizão direitista de unir os princípios neoconservadores de
identidade nacional, ênfase em valores e padrões tradicionais aos princípios
neoliberais de estender a lógica do mercado as demais áreas da sociedade. Esta
coalizão conservadora busca descentralizar o poder e redistribuí-lo de acordo
com as forças de mercado, marginalizando aqueles que possuem menos poder.
Citações:
1) "O conservadorismo de
fato tem diferentes significados em diferentes épocas e lugares. Algumas vezes,
envolve ações defensivas; outras vezes, envolve ofensivas contra o status quo. Atualmente estamos
testemunhando as duas coisas." (pag. 67)
2) Fundamentalmente, então,
quatro tendências têm caracterizado a restauração conservadora não só nos
Estados Unidos, mas também na Grã-Bretanha – privatização, centralização,
vocacionalização e diferenciação." (pag. 69)
Considerações do pesquisador
(aluno):
O texto
abordou diversos aspectos que permeiam o currículo tais como os políticos,
econômicos e culturais que buscam definir o currículo e estabelecer um sistema
de avaliação nacional e retoma a não existência da neutralidade no currículo e
que este é um campo de tensão em diversas questões. As informações apresentadas
no texto vêm complementar nossas discussões em sala de aula sobre a importância
do professor em ter a consciência sobre estas questões para tomar seu próprio
rumo na sala de aula.
Indicação da obra:
Professores
e pesquisadores na área da educação, em especial sobre teorias críticas do
currículo.
https://www.youtube.com/watch?v=_kG-Ov2VG10&feature=player_embedded
O vídeo acima, com as considerações de Severino
Antônio e Kátia Tavares, proporciona uma reflexão sobre como a escola é um
instrumento de modelagem do aluno. O
modelo que se pretende chegar é de alguém passivo, obediente ao que lhe é
imposto, sem visão crítica, sem criatividade, refém do consumismo de produtos e
ideias tendenciosas. O currículo é o instrumento que proporciona esta prática
de modelar o aluno através reprodução pelo professor de práticas curriculares
engessadas. O professor também já foi moldado por estas práticas. E este
momento de reflexão é de vital importância para que possa quebrar a estrutura
que ainda nos mantém engessados a reproduzir a prática de modelagem de nossos
alunos por meio do prática curricular tradicional.