terça-feira, 2 de julho de 2013

AUTOAVALIAÇÃO




No início desta disciplina a professora Rita Stano questionou sobre a minha ideia sobre currículo. A princípio a minha ideia não era muito diferente das apresentadas pela maioria dos meus colegas: currículo é um conjunto de disciplinas, de conteúdos definidos para serem trabalhados na escola. Tinha a ideia de que o currículo era algo estático cujas determinações deveriam ser seguidas como regras universais e inquestionáveis. 

Com o decorrer da disciplina, uma gradativa desconstrução desta concepção de currículo foi ocorrendo. Ficou claro que o currículo é muito mais do que eu pensava. Que ele possui um poder enorme de modelar a sociedade, legitimar desigualdades, controlar a sociedade através da educação a fim de atender os interesses da classe dominante que detém o poder de determiná-lo. Más o poder maior não é daqueles que criam o currículo e o estabelecem como a “verdade” a ser praticada na escola.

Ficou claro nas aulas que o poder maior está nas mãos dos professores em selecionar e transformar o currículo posto e desvelar o que está implícito em termos de instrumentos de dominação. É na sua prática docente que ele é capaz de traçar novos caminhos e inclusive com a participação dos alunos em sistema de colaboração. As aulas foram muito dinâmicas e amplas em termos de conteúdos estudados. 

Estudamos as teorias tradicionais, críticas e pós-críticas do currículo. Discutimos temas como a finalidade da educação, a globalização e sua influência na educação, o caráter polissêmico do currículo, reflexão sobre o caráter messiânico atribuído a educação, o papel ideológico da educação, a finalidade estratégica da educação a distância, reflexões através de textos, crônicas, vídeos, entre outros. Dos temas abordados, um dos que mais me chamou atenção foi o relacionado a Educação a Distância, em que pude ver como aceitamos e reproduzimos o seu discurso ideológico e não percebemos que existem intencionalidades mascaradas. 

A disciplina foi muito dinâmica e possibilitou a participação de todos nas discussões e sempre com uma deliciosa pausa para o café da manhã. Foi muito bom participar desta disciplina e podermos vivenciar momentos de alegria, descontração, debates, reflexões, discussões que foram produtivas para que a disciplina atingisse o seu objetivo: refletir e desvelar às questões sobre o currículo. Tenho certeza que hoje estou melhor que quando eu entrei e minhas concepções são mais refinadas e críticas.

Obrigado professora e colegas por estes bons momentos no inicio das manhãs.

Currículo e Avaliação





Na aula do dia 21/06/2013 a professora Rita abordou o tema currículo e avaliação. Inicialmente retomamos alguns conceitos de currículo seu caráter histórico, ideológico, cultural e o seu poder de controle. Vimos ainda que currículo e avaliação estão intrinsecamente relacionados. O currículo define como avaliar, o que avaliar, quem deverá ser avaliado, que tipo de avaliação deve ser realizada e quais objetivos devem ser almejados. Por outro lado, as avaliações são utilizadas como instrumentos de medição e buscam legitimar as mudanças curriculares. Assim como, o currículo imposto e posto pode e deve ser modificado pelo professor na sua práxis, os processos avaliativos propostos devem ser reavaliados e revistos de modo que o aluno possa sair de seu status passivo e participe do processo.

Comparando com texto sobre a borracha, todo professor deve ter a consciência de que ele tem o poder de "fazer, desfazer e refazer" o currículo e o processo de avaliação. De outro modo, podemos entender que o professor deve perder a inocência de que existe uma neutralidade no currículo e que tudo deve ser reproduzido sem questionamentos, passivamente, sem criticidade. Deve ter a cosnciencia de que, assim como a borracha pode exercer um papel positivo como negativo, o currículo e o processo de avaliação também. O professor, mesmo diante das dificuldades, possui o poder de mudar o impacto deles no destino do aluno. 

Finalizamos a aula com uma excelente palestra da Dra Rosana sobre Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e foi possível agregar novas informações sobre este problema que pode ser uma das causas das dificuldades de aprendizagem dos alunos que as vezes são taxados como preguiçosos,  irresponsáveis e são marginalizados na sala de aula. Questionamos também a tendencia de rotular tais alunos e também desviar o foco do processo de aprendizagem para doenças e mascarar o cerne do problema com medicação.

Esta foi nossa última aula de Currículo da professora Rita Stano.

Texto sobre a borracha de Marina Fernandes





Clarinha, filha de minha amiga Alessandra, no auge dos seus quatro anos, já sabe, como os demais de sua geração, o significado de “deletar”, a função do “backspace”, e, se duvidar, já se arrisca a usar o ctrl+z. Mas o que tem encantado Clarinha nesses últimos tempos é mesmo a borracha: a descoberta desse avanço tecnológico que permite apagar o que suas mãozinhas produzem com o grafite do seu lápis. Claro que ela não classifica os efeitos da borracha como “avanço tecnológico”. Para ela é mágica. Ou “apenas” mágica, como diriam os menos esclarecidos. Clarinha encontrou na borracha as delícias do fazer e desfazer. Ou melhor: fazer, desfazer e refazer. Então, não foi de assustar quando, ouvindo com a mãe os últimos acontecimentos do Brasil, seus olhinhos brilhassem ao perguntar: “Mas mamãe!!! Existe uma bala toda feita de borracha??? Difícil é tentar refazer a imagem que se formou naquela cabecinha cheia de cachinhos castanhos, mas uma coisa é certa: para ela, alguém havia conseguido unir em um único elemento seus dois maiores objetos de desejo! Que gênio teria feito isso? Certamente na condição de inferioridade que o mundo adulto nos impõe, melhor nem tentar descobrir a gama de possibilidades que Clarinha atribuiu àquele objeto tão especial, tão perfeito ao ponto de saciar o paladar e a criatividade ao mesmo tempo! Podemos apenas concluir que no mundo de Clarinha não existem conflitos armados ou manifestações populares. Gasolina é apenas algo com cheiro ruim que faz o carro da mamãe andar. E bola de futebol é aquilo que se compra na lojinha da esquina com um dinheirinho azul que tem o desenho de uma tartaruga. É, Clarinha, quem dera todos nós fizéssemos a oração de Adélia Prado: “Meu Deus, me dá cinco anos, me dá a mão, me cura de ser grande.” Então, minha querida, teríamos hoje um lindo objeto que, além de apagar o que está errado, ainda permitiria fazer tudo novamente. E mais: esse processo viria acompanhado de um doce gostinho de morango... ou outra fruta qualquer...

FICHAMENTO DO CAPÍTULO: A política do conhecimento oficial: faz sentido a ideia de um currículo nacional?




Tipo: Livro (capítulo 3)
Assunto / tema: Currículo / Teoria Crítica de Currículo
Referência bibliográfica: MOREIRA, A. F. & SILVA, T. T. Currículo, cultura e Sociedade (orgs.). 10a. Ed. São Paulo: Cortez, 2008.

Resumo / conteúdo de interesse:

Neste capítulo, Apple  afirma que o currículo não é neutro e sim um produto de tensões, conflitos culturais, políticos e econômicos capaz de organizar e desorganizar um povo.  Fundamentado em Pierre Bourdieu, afirma que as formas culturais atuam como indicadores de classes e a escola torna-se uma escola de classe sociais.
O autor apresenta algumas questões que norteiam seu trabalho: a) relações entre capital econômico e capital cultural, b) o papel da escola como reprodutor de desigualdades de poder; c) como o currículo e os processo de avaliação agem em relação esta questões anteriores.
Ele ressalta que os Estados Unidos vivem a época da restauração conservadora baseada no busca em estabelecer um currículo nacional e uma política de avaliação que atenda as diversidades da população americana.
Apple, apesar de não se opor a existência de um currículo nacional, apresenta na segunda parte de seu trabalho algumas questões graves para provocar reflexões sobre o fato.  Primeiramente, afirma que o discurso que fundamenta a implantação de um currículo nacional está baseada possibilidade do mesmo em elevar o nível das escolas. Tal proposta curricular já permeia as escolas americanas com a doção de livros didáticos do Estado e produzidos pelo mercado editorial americano.
Segundo Apple, a discussão sobre o currículo nacional é encaminhada tanto pelos grupos de direita como pelos liberais. Estes últimos, justificam que o currículo Nacional representará um conteúdo mais rigoroso nas escolas, aprendizado cooperativo, necessidade de programas de formação de professores e não implicará em redução de custos na educação.
Na terceira parte, o autor discute a existência de uma nova aliança política e suas influencias nas políticas educacionais e sociais. É a aliança entre o Neoconservadorismo e o Neoliberalismos cujos objetivos educacionais são os mesmos que orientam as suas metas para a economia e o bem-estar social, taic como o livre mercado, redução da responsabilidade do estado em relação as necessidade sociais, a competitividade na mobilidade social.
Das contradições existente entre Neoconservadorismo (que defende um estado fraco - livre mercado) e o Neoliberalismo (defende um estado forte em algumas situações - controle dos valores, da educação), surgem quatro tendências que fundamentam a restauração conservadora: privatização, centralização, vocacionalização e diferenciação.
Um solução para as contradições apontadas é proposta por Roger Dale, que a chamou de modernização Conservadora, em que consiste em liberdade econômica e controle social.
Na quarta parte do capítulo, o autor discute sobre currículo, avaliação e cultura comum. Inicialmente ele destaca a capacidade da coalizão direitista de unir os princípios neoconservadores de identidade nacional, ênfase em valores e padrões tradicionais aos princípios neoliberais de estender a lógica do mercado as demais áreas da sociedade. Esta coalizão conservadora busca descentralizar o poder e redistribuí-lo de acordo com as forças de mercado, marginalizando aqueles que possuem menos poder.

Citações:

1) "O conservadorismo de fato tem diferentes significados em diferentes épocas e lugares. Algumas vezes, envolve ações defensivas; outras vezes, envolve ofensivas contra o status quo. Atualmente estamos testemunhando as duas coisas." (pag. 67)
2) Fundamentalmente, então, quatro tendências têm caracterizado a restauração conservadora não só nos Estados Unidos, mas também na Grã-Bretanha – privatização, centralização, vocacionalização e diferenciação." (pag. 69)
Considerações do pesquisador (aluno):
O texto abordou diversos aspectos que permeiam o currículo tais como os políticos, econômicos e culturais que buscam definir o currículo e estabelecer um sistema de avaliação nacional e retoma a não existência da neutralidade no currículo e que este é um campo de tensão em diversas questões. As informações apresentadas no texto vêm complementar nossas discussões em sala de aula sobre a importância do professor em ter a consciência sobre estas questões para tomar seu próprio rumo na sala de aula.

Indicação da obra:
Professores e pesquisadores na área da educação, em especial sobre teorias críticas do currículo.


https://www.youtube.com/watch?v=_kG-Ov2VG10&feature=player_embedded

O vídeo acima, com as considerações de Severino Antônio e Kátia Tavares, proporciona uma reflexão sobre como a escola é um instrumento de modelagem do aluno.  O modelo que se pretende chegar é de alguém passivo, obediente ao que lhe é imposto, sem visão crítica, sem criatividade, refém do consumismo de produtos e ideias tendenciosas. O currículo é o instrumento que proporciona esta prática de modelar o aluno através reprodução pelo professor de práticas curriculares engessadas. O professor também já foi moldado por estas práticas. E este momento de reflexão é de vital importância para que possa quebrar a estrutura que ainda nos mantém engessados a reproduzir a prática de modelagem de nossos alunos por meio do prática curricular tradicional.



FICHAMENTO DO CAPÍTULO 2: Repensando Ideologia e currículo




Tipo: Livro (capítulo 2)
Assunto / tema: Currículo / Teoria Crítica de Currículo
Referência bibliográfica: MOREIRA, A. F. & SILVA, T. T. Currículo, cultura e Sociedade (orgs.). 10a. Ed. São Paulo: Cortez, 2008.

Resumo / conteúdo de interesse:

Este capítulo busca discutir essencialmente a relação entre Ideologia e Currículo. Reforça que o currículo está diretamente relacionado aos conflitos de classe, de raça, sexo, e de religião e os educadores não podem fechar os olhos para esta realidade de desigualdades de relações de poder. De acordo com o autor devemos olhar de forma crítica como o currículo e as práticas ideológicas e fazem na escola e como a própria escola produz conhecimentos e práticas para legitimizar as desigualdades de poder e econômicas. Ele afirma que a reprodução cultural não é único fenômeno que ocorre nas escolas. Existe movimento contra-hegemonicos de resistência ao modo pelo qual o poder é exercido na escola. O autor afirma que as críticas o liberalismo devem ser feitas e aceitas, porém devem ser avaliadas suas reais intenções. Também destaca que a cultura comum deve criar condições para que todos possam participar da formulação e reformulação dos conceitos e valores e não ser algo uniforme e homogênea. E por fim, o autor destaca que é necessário participar da discussão de sua própria prática e reformulá-la sempre.

Citações:

1) "Ideias são armas (se me perdoam a expressão militarista e um tanto machista); espalha-las em contextos autoritários é um ato subversivo, as vezes perigoso, e ao mesmo tempo, absolutamente essencial." (pag. 55)
2) “Nossa tarefa é ensinar e aprender; levar nossas indagações tão a sério quanto o tema requer; e receber as criticas que nos fazem respeitosa e abertamente; desejá-las mesmo, para que também possamos ser convocados a questionar e reformular nosso próprio senso comum da mesma forma que pedimos aos outros – por exemplo a você leitor – que questionarem o seu." (pag. 55).

Considerações do pesquisador (aluno):
O texto propõe a pensarmos que o currículo é um campo de conflitos de classes e nós, professores, não podemos ignorar a como as questões ideológicas definem o curriculo e como a escola é o local de legitimação de desigualdade de poder. Deste modo, o texto instiga-nos a agirmos de forma crítica na escola refletindo sobre as práticas educativas e participando dos movimentos de resistência ao currículo imposto.

Indicação da obra:
Professores e pesquisadores na área da educação, em especial sobre teorias críticas do currículo.