Tipo: Livro
Assunto /
tema: Currículo
/ Teoria Crítica de Currículo
Referência
bibliográfica: MOREIRA, A. F. & SILVA, T. T. Currículo,
cultura e Sociedade (orgs.). 5a. Ed. São Paulo: Cortez, 2001.
Resumo /
conteúdo de interesse:
O
currículo passou a preocupar menos com o “como” o conhecimento deve ser
organizado e passou refletir sobre “por quê” tal conhecimento é organizado, assumindo
uma visão crítica de que o currículo não é neutro e está imerso em relações de
poder.
As
primeiras ações de estudar o currículo de forma crítica surgiram nos Estados
Unidos no século XIX, com a intenção de
racionalizar, sistematizar e controlar a escola e o currículo.
O
advento do capital industrial nos Estados Unidos ocasionou mudanças na
sociedade que passou a ser pautada pela cooperação e especialização. A escola
passou a assumir o papel de moldar os alunos (futuros a profissionais) a esta
nova realidade e o currículo tornou-se o instrumento de controle da sociedade,
para ordená-la, organizá-la e torná-la mais eficiente nesta nova realidade.
O
texto aborda que além da intencionalidade do currículo citada acima, surgiu
entre a década de 20 e início dos anos 70, duas novas tendências curriculares.
A primeira, proposta por Dewey e
Kilpatrick, que defendia um currículo voltado para valorização dos interesses
dos alunos e no Brasil, ficou conhecida como escolanovismo. A segunda foi proposta por Bobbit e
defendia a construção científica de um currículo voltado ao desenvolvimento dos
aspectos desejáveis da personalidade humana e ficou conhecido no Brasil por tecnicismo.
Posteriormente, após a derrota dos estados Unidos na
corrida espacial, as críticas as visões progressista da escola surgiram.
Passou-se a exigir retomada da qualidade da escola a partir de uma reforma
curricular pautada nos estudos de conteúdos estruturados em diferentes
disciplinas. Esta ênfase na estrutura organizacional estava associada a Jerome
Bruner. Nos anos 60, os estados unidos passou por uma crise em diversos
aspectos que gerou movimentos de crítica a escola inclusive questionando a
utilidade de sua existência. Tais movimentos foram suprimidos com a vitória de
Nixon, que retomou a ideia de busca de eficiência e produtividade através da
escola e o retomada a não criticidade do currículo e da sociedade. Mas a criticidade ao currículo manteve-se
viva graças a alguns autores, que apoiados em teorias europeias, mantinha sua
denuncia a um currículo como reprodutor de desigualdades sociais.
A partir de 1973, os especialistas que participaram
da conferencia da Universidade de Rochester, passaram a rejeitar a concepção
bahavorista e empirista de currículo, criticando seu caráter instrumental,
apolítico e ateórico. A partir de tal conferência, duas correntes surgiram: a
primeira, fundamentada nas teorias criticas e no neomarxismo e representada por
Apple e Giroux enquanto a segunda fundamentada na tradição humanista e
hermenêutica, representada por Pinar. Tais tendências apresentavam suas divergências.
Em razão destas tendências, os focos e as
preocupações sobre o currículo mudaram. Os neomarxistas, precursores da
Sociologia do currículo, passaram a introduzir a analise das relações entre
currículo e sociedade, cultura, poder, ideologia e controle social, o questionamento
sobre “a favor de quem” o currículo trabalha.
Na Inglaterra, emergiu a Nova Sociologia da Educação
(NSE) baseada no estudo do currículo escolar, evidenciando as discussões sobre
a desigualdade na educação e propondo estudos sobre a política educacional.
Na teoria crítica, alguns temas centrais são
abordados, como a relação entre currículo e ideologia, currículo e cultura,
currículo e poder. Em relação à ideologia, o autor cita os estudos de Althusser,
que concebe a educação como o principal dispositivo de transmissão de ideias de
dominação e de reprodução das estruturas de classes existentes. Quanto à
cultura, a teoria crítica entende que a cultura é um campo de luta de
manutenção ou separação das divisões sociais sendo o currículo o terreno em que
a cultura é produzida. Já sobre a relação entre currículo e poder, de acordo
com as teorias críticas, o poder se manifesta nas linhas divisórias entre que
separam os grupos sociais e o currículo é o resultado destas relações de poder
assim como o responsável por tais relações. A identificação destas relações de
poder é de grande importância na análise crítica do currículo.
Outras questões são abordadas também no texto. Dentre
elas, fala-se da existência do currículo oculto, que são aspectos da
experiência educacional não explicitado no currículo oficial formal. Outra
questão é necessidade de desnaturalizar e historicizar o currículo existente
para que o mesmo possa ser desconstruído a partir de formas alternativas. O
texto questiona também a necessidade de romper com a estrutura curricular
baseada em disciplinas e relata que chamada interdisciplinaridade não contribui
para desmontar esta estrutura.
E finalizando, o autor questiona a inércia do currículo
escolar em acompanhar as mudanças culturais advindas da incorporação das
tecnologias nas vidas das crianças assim como no processo de produção e
transmissão da informação. Tal passividade transfere a mídia o poder de
gerenciar a cultura, produzir ideologias para atender as necessidades do
mercado.
Citações:
1) "A ideologia, nessa
perspectiva, está relacionada às divisões que organizam a sociedade e às
relações de poder que sustentam essas divisões." (pag. 23)
2) Na concepção crítica, não
existe uma cultura da sociedade unitária, homogênica e universalmente aceita e
praticada e, por isso, digna de ser transmitida às futuras gerações através do
currículo." (pag. 27)
3) O currículo está, assim, no
centro de relações de poder. Seus aspecto contestado não é demonstração de que
o poder não existe mas apenas de que o poder não se realiza exatamente conforme
suas intenções." (pag. 29)
Considerações do pesquisador
(aluno):
O texto abordou
diversos aspectos sobre as Teorias críticas do currículo, como por exemplo a origem,
as diversas correntes de pensamento que surgiram, a influência das mudanças na
sociedade, as ações políticas e as transformações curriculares, a relação existente
entre currículo e ideologia, cultura e
poder, abordando ao final, outras questões como o currículo oculto e o
descompasso entre o currículo e as transformações advindas do desenvolvimento tecnológico.
Foi um texto denso de informações úteis para refletirmos sobre as tendências
criticas de currículo a fim de agregarmos esta visão critica na nossa prática
docente ou pelo menos vermos o currículo com um olhar mais criterioso e
crítico.
Indicação da obra:
Professores
e pesquisadores na área da educação, em especial sobre teorias críticas do
currículo.
OI
ResponderExcluirObrigada,vou trabalhar esse texto amanhã em sala e não achei o livro na biblioteca,seu resumo ajudou!
ResponderExcluirObrigada,vou trabalhar esse texto amanhã em sala e não achei o livro na biblioteca,seu resumo ajudou!
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