terça-feira, 2 de julho de 2013

FICHAMENTO DO CAPÍTULO: A política do conhecimento oficial: faz sentido a ideia de um currículo nacional?




Tipo: Livro (capítulo 3)
Assunto / tema: Currículo / Teoria Crítica de Currículo
Referência bibliográfica: MOREIRA, A. F. & SILVA, T. T. Currículo, cultura e Sociedade (orgs.). 10a. Ed. São Paulo: Cortez, 2008.

Resumo / conteúdo de interesse:

Neste capítulo, Apple  afirma que o currículo não é neutro e sim um produto de tensões, conflitos culturais, políticos e econômicos capaz de organizar e desorganizar um povo.  Fundamentado em Pierre Bourdieu, afirma que as formas culturais atuam como indicadores de classes e a escola torna-se uma escola de classe sociais.
O autor apresenta algumas questões que norteiam seu trabalho: a) relações entre capital econômico e capital cultural, b) o papel da escola como reprodutor de desigualdades de poder; c) como o currículo e os processo de avaliação agem em relação esta questões anteriores.
Ele ressalta que os Estados Unidos vivem a época da restauração conservadora baseada no busca em estabelecer um currículo nacional e uma política de avaliação que atenda as diversidades da população americana.
Apple, apesar de não se opor a existência de um currículo nacional, apresenta na segunda parte de seu trabalho algumas questões graves para provocar reflexões sobre o fato.  Primeiramente, afirma que o discurso que fundamenta a implantação de um currículo nacional está baseada possibilidade do mesmo em elevar o nível das escolas. Tal proposta curricular já permeia as escolas americanas com a doção de livros didáticos do Estado e produzidos pelo mercado editorial americano.
Segundo Apple, a discussão sobre o currículo nacional é encaminhada tanto pelos grupos de direita como pelos liberais. Estes últimos, justificam que o currículo Nacional representará um conteúdo mais rigoroso nas escolas, aprendizado cooperativo, necessidade de programas de formação de professores e não implicará em redução de custos na educação.
Na terceira parte, o autor discute a existência de uma nova aliança política e suas influencias nas políticas educacionais e sociais. É a aliança entre o Neoconservadorismo e o Neoliberalismos cujos objetivos educacionais são os mesmos que orientam as suas metas para a economia e o bem-estar social, taic como o livre mercado, redução da responsabilidade do estado em relação as necessidade sociais, a competitividade na mobilidade social.
Das contradições existente entre Neoconservadorismo (que defende um estado fraco - livre mercado) e o Neoliberalismo (defende um estado forte em algumas situações - controle dos valores, da educação), surgem quatro tendências que fundamentam a restauração conservadora: privatização, centralização, vocacionalização e diferenciação.
Um solução para as contradições apontadas é proposta por Roger Dale, que a chamou de modernização Conservadora, em que consiste em liberdade econômica e controle social.
Na quarta parte do capítulo, o autor discute sobre currículo, avaliação e cultura comum. Inicialmente ele destaca a capacidade da coalizão direitista de unir os princípios neoconservadores de identidade nacional, ênfase em valores e padrões tradicionais aos princípios neoliberais de estender a lógica do mercado as demais áreas da sociedade. Esta coalizão conservadora busca descentralizar o poder e redistribuí-lo de acordo com as forças de mercado, marginalizando aqueles que possuem menos poder.

Citações:

1) "O conservadorismo de fato tem diferentes significados em diferentes épocas e lugares. Algumas vezes, envolve ações defensivas; outras vezes, envolve ofensivas contra o status quo. Atualmente estamos testemunhando as duas coisas." (pag. 67)
2) Fundamentalmente, então, quatro tendências têm caracterizado a restauração conservadora não só nos Estados Unidos, mas também na Grã-Bretanha – privatização, centralização, vocacionalização e diferenciação." (pag. 69)
Considerações do pesquisador (aluno):
O texto abordou diversos aspectos que permeiam o currículo tais como os políticos, econômicos e culturais que buscam definir o currículo e estabelecer um sistema de avaliação nacional e retoma a não existência da neutralidade no currículo e que este é um campo de tensão em diversas questões. As informações apresentadas no texto vêm complementar nossas discussões em sala de aula sobre a importância do professor em ter a consciência sobre estas questões para tomar seu próprio rumo na sala de aula.

Indicação da obra:
Professores e pesquisadores na área da educação, em especial sobre teorias críticas do currículo.


https://www.youtube.com/watch?v=_kG-Ov2VG10&feature=player_embedded

O vídeo acima, com as considerações de Severino Antônio e Kátia Tavares, proporciona uma reflexão sobre como a escola é um instrumento de modelagem do aluno.  O modelo que se pretende chegar é de alguém passivo, obediente ao que lhe é imposto, sem visão crítica, sem criatividade, refém do consumismo de produtos e ideias tendenciosas. O currículo é o instrumento que proporciona esta prática de modelar o aluno através reprodução pelo professor de práticas curriculares engessadas. O professor também já foi moldado por estas práticas. E este momento de reflexão é de vital importância para que possa quebrar a estrutura que ainda nos mantém engessados a reproduzir a prática de modelagem de nossos alunos por meio do prática curricular tradicional.



2 comentários:

  1. Vamos pois desconstruir algumas práticas docentes, não? Fez um ótimo fichamento e pertinentes reflexões.

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  2. esta errado a parte que diz do neoliberalismo e neoconservadorismo
    na pág 82 explica melhor

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